Juliana Velasquez fala sobre terapia e promete nova versão
Brasileira supera crises e projeta revanche na PFL

Os esportes de alto rendimento são feitos de desafios praticamente insuperáveis para a grande maioria dos seres humanos. E tantas exigências acabam levando atletas, tidos como "super-heróis", a sentirem as fragilidades físicas e mentais de como uma "pessoa comum".
Em entrevista exclusiva ao Combate, a peso-mosca Juliana Velasquez revelou como precisou buscar ajuda na terapia para voltar a ter o prazer nas lutas. Inclusive, nesta sexta-feira (15), a brasileira de 38 anos enfrenta a ucraniana Ekaterina Shakalova, no encerramento do card preliminar da PFL 9, que acontece em Charlotte, nos Estados Unidos. O Combate.com disponibiliza no site as duas primeiras lutas do evento, que tem a transmissão completa no canal Combate a partir de 18h55 (horário de Brasília).
Antes da pesagem oficial para o evento, quando bateu 56,9kg, Juliana Velasquez passou a limpo a carreira de mais de 10 anos no MMA e "abriu o coração" ao mostrar fragilidades inerentes a todos. Como por exemplo, o medo, a forte exigência para superar as expectativas e até mesmo a vaidade, exposta em um simples, mas necessário corte de cabelo para reforçar a auto estima e recuperar o "tesão" em entrar no cage.
E, curiosamente, este "gatilho" chegou para Juliana no momento mais conturbado da carreira, quando perdeu três lutas em sequência para Liz Carmouche (duas em 2022 e uma em 2024) e passou a enfrentar "hates" (mensagens de ódio) nas redes sociais. A partir de então, a peso-mosca brasileira procurou ajuda de um psicólogo para superar as crises de ansiedade que estavam ameaçando a sua continuidade no esporte. O resultado, segundo Juliana, vai muito além do lado profissional.
- Depois (da terceira derrota para Liz Carmouche), eu vi que estava colocando um monte de coisas na cabeça que acabavam me travando na luta. Eu percebi isso um pouco de tarde demais. Para essa próxima luta (contra Shakalova), eu procurei uma ajuda de um psicólogo, que eu achei que era importante pra mim, porque eu já não estava mais afim de lutar, não estava com tesão, e isso estava acontecendo há algumas lutas, lá atrás, que eu nunca falei. Não sei se eu entrei em uma ansiedade o tempo todo porque eu nunca tinha sofrido isso, não sabia distinguir o que era (ansiedade) ou não era. Mas, toda vez que eu perdia o peso, entrava em uma crise de ansiedade muito grande. Medo, vontade de parar, desistir, e vi que isso estava me trazendo mais dificuldades, estava me travando nas lutas.
- A terapia me ajudou não só no lado de lutadora, no profissional, mas no lado pessoal também. Me ajudou muito e em tudo. Eu era uma Juliana muito apática, respeitava muito o que as pessoas diziam, não colocava a minha opinião. Não deixava claro o que eu queria. Então, isso acabava me deixando deprimida. Quando a gente guarda as coisas, aquilo vai corroendo por dentro, vai fazendo mal mesmo. E eu aprendi a expor o que eu achava. E, se algo der errado, que dê, mas pelo o que eu achei que daria certo. Sair de peito erguido, consciente que essa foi a minha escolha. Antigamente, eu não tinha isso, tinha medo do confronto de opiniões.

Para a revanche contra Ekaterina Shakalova, após a derrota por finalização em abril de 2025, Juliana Velasquez promete uma nova versão dentro do cage. Mostrando a mesma agressividade no jogo em pé, mas também com uma coragem a mais. Sentimento que "percebeu" que possuía mesmo no dia a dia, quando tomou coragem para cortar os longos cabelos e ainda descolorir no melhor estilo "nevou" dos cariocas.
- Até mesmo em coisas pequenas, como por exemplo, eu nunca tive cabelo curto. Mas eu sempre quis ter. Então, essa é uma nova fase da Juliana, uma coisa que eu sempre quis fazer, sentir o vento, treinar no Rio de Janeiro, calor forte, com o cabelo grande é horrível. Eu nem achava o meu cabelo grande bonito, vivia com ele preso. Então pensei que essa seria a chance de ser uma nova Juliana. Eu vi uma amiga no Instagram com o cabelo curto e pensei que como ela era corajosa, mas também pensei por que eu não poderia ter também, e então fui no cabelereiro. Quer dizer, foi um ato de coragem pra mim, me olhando no espelho como uma nova Juliana, em que eu posso fazer o que eu quiser. São decisões minhas, e eu bato no peito de orgulho disso.
PFL 9 - Finais peso-leve, mosca e galo
15 de agosto de 2025, às 18h55 (de Brasília), em Charlotte (EUA)
CARD PRINCIPAL:
Peso-leve: Alfie Davis x Gadzhi Rabadanov - FINAL
Peso-mosca: Jena Bishop x Liz Carmouche - FINAL
Peso-galo: Marcirley Alves x Justin Wetzell - FINAL
Peso-leve: Mads Burnell x Robert Watley
CARD PRELIMINAR:
Peso-mosca: Juliana Velasquez x Ekaterina Shakalova
Peso-leve: Biaggio Ali Walsh x Adryan Grundy
Peso-mosca: Sabrina De Sousa x Saray Orosco
Peso-galo: Renat Khavalov x Vilson Ndregjoni
Peso-mosca: Chelsea Hackett x Ashley Thiner
Peso-médio: Kendly St. Louis x Chris Mixan
Fonte: Combate